Esta página é dedicada ao lugar de Torre dos Namorados, vulgarmente conhecido por Quintas da Torre.

Não lhe vamos mostrar uma dessas belas aldeias beirãs de ruas estreitas, casas de cantaria e malvas nas janelas. Vamos mostrar-lhe um lugar perdido entre a serra e a planície onde não há casas que formem uma rua, onde a cantaria dá lugar às pedras soltas e as malvas são trocadas pelo cheiro do alecrim e do rosmaninho. Pela manhã ainda se ouvem as rolas e os melros e, à noite, paira o coro de ralos, grilos e o coaxar das rãs nas presas.

Descubra-nos! Bata à porta para entrar!

 

 

 

 

 

 

O Tejo é mais Belo


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, 
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia 
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. 
O Tejo tem grandes navios 
E navega nele ainda, 
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
A memória das naus. 

O Tejo desce de Espanha 
E o Tejo entra no mar em Portugal. 
Toda a gente sabe isso. 
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia 
E para onde ele vai 
E donde ele vem. 
E por isso porque pertence a menos gente, 
É mais livre e maior o rio da minha aldeia. 

Pelo Tejo vai-se para o Mundo. 
Para além do Tejo há a América 
E a fortuna daqueles que a encontram. 
Ninguém nunca pensou no que há para além 
Do rio da minha aldeia. 

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. 
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

[Alberto Caeiro]