A Lenda da Torre dos Namorados

(versão erudita)

 

"(...) Proximo da torre tambem no referido anno de 1865 se viam ainda os vestigios dum grande tanque, conhecido por Tanque dos Mouros; e é tambem indubitavel que nas suas proximidades appareceram restos dum muito extenso aqueducto.

A proposito disto corre uma lenda curiosa: certo alcaide ou governador mouro tinha uma filha, cuja posse era disputada por dois mancebos. Não sabendo o pae a qual delles a devia dar, disse-lhes que ella seria daquelle que primeiro acabasse a obra de que os ia incumbir. Um havia de construir uma torre, e o outro um tanque e o respectivo aqueducto. Estabelecidas as condições em que estes trabalhos tinham de ser feitos, começaram essas obras com o maximo desenvolvimento e actividade. Deu-se, porém, um caso singular e inesperado; as construcções terminaram justamente ao mesmo tempo. Seguiu-se o reclamarem os dois enamorados a mão da filha do alcaide, julgando-se ambos com egual direito. O mouro embaraçado e sem poder sahir bem de semelhante aperto, fez como Salomão, disse-lhes que a dividissem ao meio. Ella, ouvindo tão iniqua sentença, fugiu; mas foi alcançada pelos dois rivais, que, com effeito, a partiram pela cintura no sitio agora chamado Matta da Rainha. Acrescenta a tradição que a esse logar ficou o nome de Matta, porque o povo, quando os barbaros sarracenos perseguiam a rapariga, gritava: «mata, mata»."

 Cunha, José Germano da, in Apontamentos para a História do Concelho do Fundão,Lisboa, Tip. Minerva Central, 1892.

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