Monteiro, José in Ao Redor do Fundão, Câmara Municipal do Fundão, 1990

 

No capítulo "Beira Arqueológica – ao Redor de uma Estação Castrense", José Monteiro descreve com particular especificidade os vestígios de uma estação castrense em Zebras, Orca. Contudo, refere-se a vestígios pré-históricos e romanos na Covilhã Velha, Canchal da Moura (Torre dos Namorados), Vale de Água e Rapoula, bem como em outros lugares e aldeias próximas da Torre.

"Os megálitos ocados ou escavados em abóboda do Canchal da Moura (Torre dos Namorados) e do Cabeço de D. Maria (Orca), este infelizmente destruído há cerca de quarenta anos e ambos em seu interior pontilhados de insculturas de sentido «verosimilmente» religioso e indubitavelmente necrolátrico – sem esquecer o monumento igualmente ocado da Pedra dos Olhos (Póvoa Palhaça), de solene expressão arqueológica – são inestimáveis documentos da presença do homem neste recesso da Península, a partir da idade neolítica. Por outro lado, conhecidas estações castrenses, como a da Mata da Rainha e, em primeiro plano, a da Covilhã Velha – Lentiscais, que fizemos topografar em Outubro de 1945, com sua vasta necrópole de extramuros a tocar a Rapoula nas cercanias da Torre, transportam até à idade do ferro as primevas culturas locais, completando, se assim pode dizer-se, a panorâmica de tão importante conglomerado arqueológico.

Da romanização do lugar e estações circunjacentes (Póvoa da Atalaia, Orca, Catrão, Póvoa Palhaça, Covilhã Velha, Vale de Água, Rapoula, Torre dos Namorados, Mata da Rainha) constituem, por sua vez, inequívoca comprovação – com as lápides tumulares de Lubaecus (Torre dos Namorados) e Tapora (Mata da Rainha) por nós recolhidas no Museu Municipal do Fundão – as aras de consagração a Jupiter, Victoria, e Arentius, procedente da Torre dos Namorados a primeira, de que houveramos conhecimento in loco em 14 de Novembro de 1964, e que em 16 do mesmo mês nos foi apresentada e oferecida no Fundão pelo Sr. Albino Ramos Teodósio, em nome da família detentora do monumento; e oriundas da Póvoa da Atalaia e das Zebras as duas restantes, sucessivamente entradas no Museu Municipal da Figueira da Foz (1907-1909), onde se encontram, por dádiva de Alfredo Ferreira Pinto Basto ao arqueólogo Santos Rocha, fundador do mesmo Museu."