Descrição do Poço da Torre dos Namorados

 

LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO E DADOS GEOMORFOLÓGICOS

 "O poço situa-se muito aproximadamente no ponto de coordenadas (referidas ao Observatório do Castelo):

M = 1º 50' E e P=40º 8' N, a 1600 metros na horizontal e 120º E do marco geodésico da Rapoula. A altitude do local é de 425m. Próximo, a 1200m para Este, corre o Ribº do Taveiró.

O terreno é pouco acidentado, com ligeiros outeiros espaçados e situa-se exactamente por cima da linha de contacto entre os granitos e granodioritos hercínicos e o complexo xisto grauváquico, facto este que pude verificar pela colheita de algymas placas de xisto retiradas do fundo do novo poço, tendo estampados fósseis com a forma de folículas de acácia, e pela proximidade de grandes penhascos graníticos que afloram as terras. A camada de terras nest eponto deverá ter cerca de 8 metros de possança (sondagem do poço), o que explica se dissermos que se localiza na zona fundeira dum talvegue.

 

O POÇO E O SEU PREENCHIMENTO

 

Foi aberto numa camada de terras de 8 metros, tendo para esse efeito, como era costume da época, sido realizada uma escavação em tronco de pirâmide invertida, até se atingir a camada aquífera, ao nível dos xistos. Abriram uma caixa para a recepção das águas na própria bancada de xisto, com uma capacidade de 1 metro cúbico, e elevaram uma cosntrução quadrada de 1 metro por 1 metro, em fiadas horizontais de blocos de granito muito regulares, com as dimensões aparentes de 0,50X0,30 metros em média, até à altura de 8 metros, ou seja presumivelmente, um pouco acima do chão, à época da edificação.

O espaço entre a cantaria das paredes, onde não notei vestígios de argamassa, e os taludes de terra, era preenchido à medida do avanço da construção, por terras e pedras batidas.

A protecção da boca do poço, só por conjecturas poderá ser avançada. No entanto, como ainda hoje se fazem e conservam na região poços e fontes com uma estrutura e construções semelhantes, não será muito despropositado imaginar que fosse construída por quatro lages postas a cutelo, com 15mm de espessura e uma altura de peito de 0,80 m.

O material que o preenchia poderá, grosso modo, ser dividido em três zonas. A primeira, a superior, seria formada por terras de entulho superficiais, onde se encontravam (verificação a que tivemos ocasião de proceder no monte de terras retiradas da escavação) fragmentos de tijolo macisso e telha de rebordo. Teria uma altura aproximada de 4,5 m, incluindo a camada de terra arável que o tapava.

A segunda camada seria constituída por terras muito arenosas de cor cinzenta clara (onde conseguimos rastrear a mesma lama ou lodo fino que cobria a cerâmica), ocuparia uma altura de 3 m sensivelmente, e incluía: quase à superfície, um jarro quase inteiro de cerâmica parda; a seguir, vários fragmentos de «olla» e algumas peças metálicas de difícil caracterização.

A terceira e última camada seria constituída por areias e lodo, de cor cinzenta clara. Seria à superfície desta camada que estavam depositados os três vasos metálicos e talvez as duas asas. Logo por baixo, aquilo que ao escavador pareceu ser uma grade ou escada de de madeira. Quase no fundo, e portanto dentro da caixa aberta no xisto, achava-se uma canga de madeira, que o Sr. Teodósio Canarias disse ser igual «às que ainda hoje se fazem na região»."

Gustavo Marques, in O Poço da Estação Romana da Torre dos Namorados, Volume VIII, Conímbriga, Faculdade de Letras e Instituto de Arqueologia, Universidade de Coimbra, 1969.

 

 

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